terça-feira, 12 de novembro de 2019

A importância da conservação do ofício das mulheres rendeiras – mulheres que tecem a vida.
A história das rendas e bordados começa com mulheres de todas as regiões, em especial no Nordeste – Ceará, Alagoas- que percorrem os campos e terreiros do Brasil apresentando uma rica maestria: o fazer artesanal. Cada ponto na linha, traça a beleza das cores e revelam um senso estético primoroso.

Este ofício secular –passado de bisavó para avó, de avó para mãe de mãe para filha- surgiu nos fins da idade média, chegando ao Brasil no século XVIII através das famílias portuguesas colonizadoras, onde as primeiras mulheres rendeiras do Ceará eram esposas dos colonos portugueses. Logo, a tradição se misturou aos costumes indígenas e ganhou uma assinatura tipicamente Brasileira. No Brasil o processo artesanal da criação de rendas se mantém nos últimos séculos como atividade predominantemente feminina nas diferentes camadas sociais. Tendo em vista a elite e a classe trabalhadora, se pode observar dois polos distintos: pessoas com boas condições compram produtos artesanais exclusivos e de qualidade, vivem uma vida confortável, e quem trabalha na execução das cujas peças, levam normalmente uma vida simples, de dificuldade, por muitas vezes não ter seu trabalho valorizado como deveria. Em relação a produção de rendas, se observa com o passar dos anos, uma grande modificação em decorrência também do atual modelo de vida das mulheres, que se modifica ao passar dos anos. O uso e o fazer das rendas está em um constante processo de modificação, onde para se compreender essa transição, é importante fazer uma reflexão sobre o papel da mulher rendeira do século XX na sociedade Brasileira. Ao reunir estas informações nos deparamos com um vasto universo, e revelamos o perfil de artesãs que trabalham com diferentes tipologias, das mais variadas regiões, cujas vidas estão igualmente entrelaçadas sem previsão de fim.



 A associação das rendeiras e artesãos da Praia da Raposa (MA), que possui pelo menos 60 associados, faz um trabalho de divulgação, manutenção e fortalecimento da arte responsável pela produção de geração e renda de muitas famílias do município. Segundo a artesã Marilene Marques, presidente da associação, o trabalho está no sangue e no dia a dia, e conta que o trabalho da associação permanece no sentido de formar pequenas rendeiras para que elas possam dar continuidade a arte. Para isso são realizadas oficinas e capacitações permanentes. Para Rita Rodrigues, rendeira há 25 anos, mesmo com as oficinas está difícil convencer as mulheres mais jovens de seguir pelo mesmo caminho. “Hoje há muitas distrações, e elas não querem mais se ocupar com isso. Muitas preferem trabalhar fora, até porque as condições são melhores. Mas a gente por meio da associação, temos feito muito para manter a tradição. ”, explica. 

Uma rendeira que, em seu trabalho, tece habilidosamente peças extraordinárias, passando de geração um ofício e uma arte, apesar de “leiga” –no ponto de vista da pedagogia e da ciência- cumpre de modo brilhante o objetivo a que se propõe:  produzir e ensinar o que produz, perpetuando a existência de uma tradição tão importante na vida de várias mulheres e famílias inteiras.

terça-feira, 1 de outubro de 2019


Filé

A renda filé tem influência dos europeus e também é desenvolvida numa grade, adotando a denominação “artesanato de tela”, pois a técnica consiste em preencher uma tela quadriculada semelhante a uma rede de pesca.


O Filé Alagoano é difundido de geração a geração na região do complexo lagunar Mundaú e Manguaba do estado de Alagoas. A renda colorida feita com fios 100% de algodão (apenas em casos específicos, quando há um pedido especial, elas se utilizam de algum outro fio para tecer o Filé), é registrada como patrimônio cultural imaterial de Alagoas.  A região das Lagoas Mundaú-Manguaba abrange uma área de 252 km2 e abriga os municípios de Coqueiro Seco, Maceió, Marechal Deodoro, Pilar, Santa Luzia do Norte e Satuba, no estado de Alagoas.

E é aí que o Bordado Filé foi certificado como marca alagoana e ajuda mulheres a conseguirem renda própria por meio do artesanato com o uso do algodão brasileiro. A variedade de pontos e complexidade de execução dos pontos entre si, além do intenso colorido, conferem ao bordado desse território características singulares de outros executados com a mesma técnica.

  O bordado é construído a partir de uma rede denominada malha, com espaçamento pequeno, que serve de suporte para a execução do bordado. O trabalho é realizado em duas etapas: a construção da rede e o preenchimento de pontos sobre a rede. Para sua execução são utilizados instrumentos artesanais: agulha em madeira e molde de bambu para tecer a malha, telas (bastidores) em madeira sob diversos tamanhos para a esticagem da malha e ainda a confecção de goma de amido de milho para a finalização do produto.