A importância da conservação do ofício das
mulheres rendeiras – mulheres que tecem a vida.
A história das rendas e
bordados começa com mulheres de todas as regiões, em especial no Nordeste –
Ceará, Alagoas- que percorrem os campos e terreiros do Brasil apresentando uma
rica maestria: o fazer artesanal. Cada ponto na linha, traça a beleza das cores
e revelam um senso estético primoroso.
Este ofício secular –passado
de bisavó para avó, de avó para mãe de mãe para filha- surgiu nos fins da idade
média, chegando ao Brasil no século XVIII através das famílias portuguesas
colonizadoras, onde as primeiras mulheres rendeiras do Ceará eram esposas dos
colonos portugueses. Logo, a tradição se misturou aos costumes indígenas e
ganhou uma assinatura tipicamente Brasileira. No Brasil o processo artesanal da
criação de rendas se mantém nos últimos séculos como atividade
predominantemente feminina nas diferentes camadas sociais. Tendo em vista a
elite e a classe trabalhadora, se pode observar dois polos distintos: pessoas
com boas condições compram produtos artesanais exclusivos e de qualidade, vivem
uma vida confortável, e quem trabalha na execução das cujas peças, levam
normalmente uma vida simples, de dificuldade, por muitas vezes não ter seu
trabalho valorizado como deveria. Em relação a produção de rendas, se observa
com o passar dos anos, uma grande modificação em decorrência também do atual
modelo de vida das mulheres, que se modifica ao passar dos anos. O uso e o fazer das rendas
está em um constante processo de modificação, onde para se compreender essa
transição, é importante fazer uma reflexão sobre o papel da mulher rendeira do
século XX na sociedade Brasileira. Ao reunir estas informações nos deparamos
com um vasto universo, e revelamos o perfil de artesãs que trabalham com
diferentes tipologias, das mais variadas regiões, cujas vidas estão igualmente
entrelaçadas sem previsão de fim.
A associação das rendeiras e
artesãos da Praia da Raposa (MA), que possui pelo menos 60 associados, faz um
trabalho de divulgação, manutenção e fortalecimento da arte responsável pela
produção de geração e renda de muitas famílias do município. Segundo a artesã
Marilene Marques, presidente da associação, o trabalho está no sangue e no dia
a dia, e conta que o trabalho da associação permanece no sentido de formar
pequenas rendeiras para que elas possam dar continuidade a arte. Para isso são
realizadas oficinas e capacitações permanentes. Para Rita Rodrigues, rendeira
há 25 anos, mesmo com as oficinas está difícil convencer as mulheres mais
jovens de seguir pelo mesmo caminho. “Hoje há muitas distrações, e elas não
querem mais se ocupar com isso. Muitas preferem trabalhar fora, até porque as
condições são melhores. Mas a gente por meio da associação, temos feito muito
para manter a tradição. ”, explica.
Uma rendeira que, em
seu trabalho, tece habilidosamente peças extraordinárias, passando de geração
um ofício e uma arte, apesar de “leiga” –no ponto de vista da pedagogia e da
ciência- cumpre de modo brilhante o objetivo a que se propõe: produzir e ensinar o que produz, perpetuando
a existência de uma tradição tão importante na vida de várias mulheres e
famílias inteiras.