segunda-feira, 24 de junho de 2019



RENDAS E BORDADOS

Da linha, fio de linho ou seda – no Brasil, predominantemente, fio de algodão – derivam artesanatos que mobilizam grande contingente de mão de obra exclusivamente feminina: a renda e o bordado. A utilização da linha é o traço comum desses artesanatos. Muitas vezes, o produto final tem a mesma destinação e/ou função. Todavia diferem enormemente quanto à técnica da manufatura. Essa diferença confere a cada tipo de características artesanais próprias.

O Artesanato da renda assim encontra-se fundamentalmente vinculado à presença da mulher como elemento de atuação cultural, quase sempre voltada às atividades artesanais em todos os povos. Muito unido ao trabalho de fiar, trançar, tecer e constituir formas com os fios, utilizando-se de agulhas, bastidores ou pequenas bobinas de madeiras – bilros – ocorreu o aparecimento da renda como técnica artesanal.



A renda de bilro, chamada também renda de almofada, da terra, ou do Ceará, simboliza o encanto das ágeis mãos femininas. Como numa sinfonia, mulheres tocam os bilros, produzindo som sem similares, e conduzem as linhas, brancas ou coloridas. Materializam nesse ato, no cruzamento de fios, de pontos e nós, a forma da renda ou do aplique, acrescentando ao artesanato o caráter da invenção e unicidade.

         Sobre a distinção entre renda e bordado, Luísa e Arthur Ramos, em seu livro “ A renda de bilros e sua aculturação no Brasil “ nos remetem: “ Renda é a obra na qual um fio, conduzido por uma agulha, ou vários fios, trançados por meio de bilros, engendram um tecido e produzem combinações de linhas análogas às que o desenhista obtém com o lápis. Ela difere do bordado no sentido em que a decoração é parte integrante do tecido, em lugar de ser aplicada em um tecido preexistente; difere também quando é feita à mão e não obtida por meio de um mecanismo que repete indefinidamente o mesmo modelo”.

             






 Com base neste conceito, cabe especificar os dois tipos de produção de rendas: a de agulha e a de bilros.
Como renda de agulha, são representativos, em nosso país, a renda irlandesa, também chamada de renascença e renda inglesa; o labirinto, igualmente conhecido como crivo; o filé e o rendendê.
Entre rendas de agulha, as diferenças consistem basicamente no processo de feitura e equipamentos. 

Dentro de um mesmo tipo de renda podem-se ainda estabelecer distinções no modo de fazer e na matéria-prima utilizada.

A renda renascença se caracteriza pelo uso do lacê ou fitilho, que serve de base para o trabalho feito com a agulha e desenvolvimento das formas de renda. Tem como suporte um papel grosso, onde é alinhavado o lacê sobre um desenho, que, depois, é fixado em uma almofada ou travesseiro, para ser confeccionada a renda.

O labirinto se identifica pelo fio desfiado preliminarmente, e é tecido com esse fio, seguindo os motivos ou desenhos estabelecidos.

O filé tem como base a rede, uma malha previamente tecida, em geral, por um artesão, pescador. A trama segue a usada nas redes de pescar. Sobre esta malha se desenvolve o tecido ou enchimento, isto é, o filé.

Referências

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