RENDAS E BORDADOS
Da linha, fio de linho ou seda –
no Brasil, predominantemente, fio de algodão – derivam artesanatos que
mobilizam grande contingente de mão de obra exclusivamente feminina: a renda e
o bordado. A utilização da linha é o traço comum desses artesanatos. Muitas
vezes, o produto final tem a mesma destinação e/ou função. Todavia diferem enormemente quanto à técnica da manufatura. Essa diferença confere a cada tipo de características artesanais próprias.
O Artesanato da renda assim encontra-se fundamentalmente vinculado à presença da mulher como elemento de atuação cultural, quase sempre voltada às
atividades artesanais em todos os povos. Muito unido ao trabalho de fiar,
trançar, tecer e constituir formas com os fios, utilizando-se de agulhas,
bastidores ou pequenas bobinas de madeiras – bilros – ocorreu o aparecimento da
renda como técnica artesanal.
A renda de bilro, chamada também
renda de almofada, da terra, ou do Ceará, simboliza o encanto das ágeis mãos
femininas. Como numa sinfonia, mulheres tocam os bilros, produzindo som sem
similares, e conduzem as linhas, brancas ou coloridas. Materializam nesse ato,
no cruzamento de fios, de pontos e nós, a forma da renda ou do aplique,
acrescentando ao artesanato o caráter da invenção e unicidade.
Sobre a distinção entre renda e
bordado, Luísa e Arthur Ramos, em seu livro “ A renda de bilros e sua
aculturação no Brasil “ nos remetem: “ Renda é a obra na qual um fio, conduzido
por uma agulha, ou vários fios, trançados por meio de bilros, engendram um
tecido e produzem combinações de linhas análogas às que o desenhista obtém com
o lápis. Ela difere do bordado no sentido em que a decoração é parte integrante
do tecido, em lugar de ser aplicada em um tecido preexistente; difere também
quando é feita à mão e não obtida por meio de um mecanismo que repete
indefinidamente o mesmo modelo”.
Como renda de agulha, são representativos,
em nosso país, a renda irlandesa, também chamada de renascença e renda inglesa;
o labirinto, igualmente conhecido como crivo; o filé e o rendendê.
Entre
rendas de agulha, as diferenças consistem basicamente no processo de feitura e
equipamentos.
Dentro de um mesmo tipo de renda podem-se ainda estabelecer
distinções no modo de fazer e na matéria-prima utilizada.
A renda renascença se caracteriza pelo
uso do lacê ou fitilho, que serve de base para o trabalho feito com a agulha e
desenvolvimento das formas de renda. Tem como suporte um papel grosso, onde é
alinhavado o lacê sobre um desenho, que, depois, é fixado em uma almofada ou travesseiro,
para ser confeccionada a renda.
O labirinto se identifica pelo fio
desfiado preliminarmente, e é tecido com esse fio, seguindo os motivos ou
desenhos estabelecidos.
O filé tem como base a rede, uma malha
previamente tecida, em geral, por um artesão, pescador. A trama segue a usada
nas redes de pescar. Sobre esta malha se desenvolve o tecido ou enchimento,
isto é, o filé.
Referências
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