Renda de Bilro
É a renda com maior abrangência
geográfica no brasil. A matéria-prima utilizada para renda de bilro consiste,
unicamente, na linha. Antigamente eram as rendas feitas com fio de algodão,
fiado em rocas pelas próprias artesãs. Atualmente é a linha industrializada.
A cor tradicional é o branco,
ocorrendo com grande frequência o bege, mas é usada também uma multiplicidade
de cores, conforme a oferta dos fornecedores e exigências dos consumidores.
O número de bilros varia – meia dúzia para
as rendas estreitas, e quanto mais larga é a renda, maior o número de bilros,
dependendo da largura da peça e de sua habilidade. Trabalha com os bilros entre
os dedos e vai tecendo a renda com agilidade, nos movimentos de trocar os
bilros na medida exata do espaço necessário para a conformação do desenho. É
condição necessária que o papelão sirva para toda a extensão da renda. Assim, a
rendeira vai ajustando, na proporção que vai executando seu trabalho. Trocar os
bilros se desenvolve da seguinte maneira: os da direita passam sucessivamente
para a esquerda
e vice-versa, na ordem em que forem satisfazendo as exigências do
desenho, impostas pelos pequenos furos, no pique, onde os alfinetes vão sendo
colocados. ‘Bater’ os bilros é outro procedimento empregado pela rendeira,
quando executa normalmente seu trabalho. Assim a artesã vai ajustando a renda
sobre o pique. A renda de bilro, como finalização de um trabalho de almofada,
apresenta-se como renda a metro – entremeio ou pegamento, bico, ponta ou
pontilha, renda de quadro e aplicações. Os bilros vão passando de mão a mão,
sem isto se perceber, tão grande é a ligeireza da rendeira.
A arte da renda de bilro sempre
teve sua imagem atrelada às paisagens litorâneas. As artesãs são, normalmente,
mulheres de pescadores que trabalham para ajudar no orçamento da casa. São elas
que fazem a fama das finas e ricas tramas extremamente valorizadas pelos
turistas e brasileiros. A origem da renda de bilros começa, contudo, antes dos
portugueses. Ela teria nascido no século XV, em Flandres, na França e depois
invadido a Itália, ajudando a empolar ainda mais as cortes reais. Os figurinos
rendados conquistaram também a nobreza portuguesa e daí foram importados para o
Brasil Colonial.
Esta arte nobre não venceu, porém,
os limites litorâneos do Brasil. Ela floresceu principalmente no litoral do
Nordeste. Hoje, a maior produção está concentrada em estados como o Ceará, Rio
Grande do Norte, Paraíba, e, no Sul, em Santa Catarina. Os maiores polos
potiguares de renda estão nas cidades de Natal, Parnamirim e Nísia Floresta.
Mas, o artesanato é encontrado, de forma dispersa, em municípios como Touros e
Augusto Severo, dentre outros.
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