terça-feira, 9 de julho de 2019


Renda de Bilro

É a renda com maior abrangência geográfica no brasil. A matéria-prima utilizada para renda de bilro consiste, unicamente, na linha. Antigamente eram as rendas feitas com fio de algodão, fiado em rocas pelas próprias artesãs. Atualmente é a linha industrializada.



A cor tradicional é o branco, ocorrendo com grande frequência o bege, mas é usada também uma multiplicidade de cores, conforme a oferta dos fornecedores e exigências dos consumidores.
Quando a rendeira vai trabalhar ou aprender a fazer renda, a primeira coisa que faz é armar a almofada ou ‘assentar’, na linguagem popular, isto é, preparar para ‘trocar’ os bilros. Assim é necessário dispor de um papelão picado ou furado com alfinetes ou espinhos, tendo uma amostra da renda em cima, seguindo seu desenho, e furado exatamente no ponto de encontro das linhas. É uma atividade que nem todas as rendeiras executam. Algumas são especialistas e preparam o papelão para as companheiras. Estando pronto o pique, que é guardado para ser usado muitas vezes, a artesã passa a encher os bilros, enrolando na extremidade superior a linha que vai trabalhar. Em seguida, fixa na almofada o papelão, com os alfinetes ou espinhos, que são colocados nos furos do pique, e prendendo os bilros nos alfinetes ou parte superior do papelão. Assim, no começo do pique, em pares, os bilros são pendurados – um, para a esquerda, e outro, para a direita. A partir daí passa a tercer renda, trocando os bilros, de acordo com o motivo a executar. 

O número de bilros varia – meia dúzia para as rendas estreitas, e quanto mais larga é a renda, maior o número de bilros, dependendo da largura da peça e de sua habilidade. Trabalha com os bilros entre os dedos e vai tecendo a renda com agilidade, nos movimentos de trocar os bilros na medida exata do espaço necessário para a conformação do desenho. É condição necessária que o papelão sirva para toda a extensão da renda. Assim, a rendeira vai ajustando, na proporção que vai executando seu trabalho. Trocar os bilros se desenvolve da seguinte maneira: os da direita passam sucessivamente para a esquerda e vice-versa, na ordem em que forem satisfazendo as exigências do desenho, impostas pelos pequenos furos, no pique, onde os alfinetes vão sendo colocados. ‘Bater’ os bilros é outro procedimento empregado pela rendeira, quando executa normalmente seu trabalho. Assim a artesã vai ajustando a renda sobre o pique. A renda de bilro, como finalização de um trabalho de almofada, apresenta-se como renda a metro – entremeio ou pegamento, bico, ponta ou pontilha, renda de quadro e aplicações. Os bilros vão passando de mão a mão, sem isto se perceber, tão grande é a ligeireza da rendeira.  
A arte da renda de bilro sempre teve sua imagem atrelada às paisagens litorâneas. As artesãs são, normalmente, mulheres de pescadores que trabalham para ajudar no orçamento da casa. São elas que fazem a fama das finas e ricas tramas extremamente valorizadas pelos turistas e brasileiros. A origem da renda de bilros começa, contudo, antes dos portugueses. Ela teria nascido no século XV, em Flandres, na França e depois invadido a Itália, ajudando a empolar ainda mais as cortes reais. Os figurinos rendados conquistaram também a nobreza portuguesa e daí foram importados para o Brasil Colonial.

Esta arte nobre não venceu, porém, os limites litorâneos do Brasil. Ela floresceu principalmente no litoral do Nordeste. Hoje, a maior produção está concentrada em estados como o Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, e, no Sul, em Santa Catarina. Os maiores polos potiguares de renda estão nas cidades de Natal, Parnamirim e Nísia Floresta. Mas, o artesanato é encontrado, de forma dispersa, em municípios como Touros e Augusto Severo, dentre outros.

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